Brasil integra aviões de patrulha marítima P-3AM à sua frota e passa a empregá-lo para a vigilância das águas territoriais brasileiras e das riquezas do pré-sal; aeronaves estarão sediadas na Bahia
Um submarino estrangeiro aproxima-se de
uma plataforma de petróleo da Petrobrás, a 300 quilômetros da costa
do Rio de Janeiro. A embarcação está submersa e sem emitir sinais de rádio
numa atitude que não parece nada amistosa.
Mesmo assim, o ruído dos motores da embarcação é captado
pelos equipamentos de uma Aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).
O avião de patrulha passa a rastrear o movimento do
submarino até que ele emerge no oceano. Por rádio, a tripulação do submarino
é interrogada sobre sua origem e intenções.
A embarcação revela que teve problemas técnicos que já foram resolvidos, agradece a ajuda dos brasileiros e parte para o leste. O episódio descrito acima seria uma peça de ficção cientifica até alguns meses atrás, mas com a aquisição do P-3AM passa a ser um enredo bastante plausível.
O P-3AM Orion, que
foi integrado à frota no Alguns Meses, devolveu à
Força Aérea Brasileira a capacidade de
detectar, localizar, identificar e, se necessário, afundar submarinos.
É o que o jargão militar chama de guerra
antissubmarino (ASW, na sigla em inglês).
A Aviação de Patrulha não realizava
missões ASW desde a desativação do
P-16 Tracker, em 1996. Os atuais P-95
“Bandeirulha”, aeronaves menores e com diferenças operacionais, não
têm essa capacidade.
Além da capacidade ASW, o P-3AM também
carrega armamentos como os mísseis Harpoon, capazes de afundar navios
de guerra além do alcance visual. Com quatro motores, a aeronave tem
grande autonomia, podendo permanecer em voo durante 16 horas - isso
equivale a uma viagem de Recife a Madri sem escalas. Os sensores
eletrônicos embarcados na aeronave são os mais modernos que existem.
Tudo isso confere ao P-3AM a capacidade estratégica devigilância marítima
de longo alcance.
“É como se nós déssemos um salto de quatro décadas na nossa
capacidade tecnológica”, explica o Gerente do Projeto P-3BR da Força
Aérea, Coronel Aviador Ari Robinson Tomazini.
Soberania - A Petrobrás estima que a
camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhões de
metros cúbicos de gás e óleo.
Caso a estimativa seja confirmada, o Brasil
ficará entre os seis países que
possuem as maiores reservas de
petróleo do mundo, atrás somente de
Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e
Emirados Árabes. Toda essa riqueza encontra-se no Oceano Atlântico, na
zona econômica exclusiva (ZEE) brasileira. A nova aeronave estará envolvida
na vigilância dessa área.
A nova aeronave também ajudará na
defesa do meio ambiente, identificando os responsáveis
pelo derramamento de óleo, tanto acidentais quanto provocados.
Algumas embarcações que transportam petróleo costumam lavar os tanques
com a água do mar. Essa prática criminosa
deixa uma mancha de óleo que poluie afeta
a vida marinha. Os sensores do P-3AM conseguem identificar os rastros
na superfície do mar e, desta forma, identificar a embarcação
de origem, mesmo muitas horas depois da abertura dos tanques. O
P-3AM pode fotografar o navio infrator e encaminhar as fotos com um
relatório para as autoridades ambientais, como prova para a aplicação
de multas.
Outra ati vidade ilegal que a aeronave
certamente poderá combater é a pesca na Zona Econômica Exclusiva do Brasil, uma
faixa de 370 quilômetros a partir da costa brasileira. As embarcações
estrangeiras que praticarem a pesca nessa área também poderão receber multas.
O P-3AM é a versão militar do famoso avião
comercial Lockheed Electra II, que ficou conhecido no
Brasil como o avião utilizado na ponte
aérea Rio de Janeiro-São Paulo, de 1975 até 1991.
A versão militar foi inicialmente
Concebida para a Marinha dos Estados Unidos, como aeronave especializada em guerra
antissubmarina e patrulhamento marítimo. Posteriormente, foi adquirido por outros
países, principalmente por integrantes da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN), chegando a ser operado por 17 nações.
A Força Aérea adquiriu 12 aeronaves P-3 da
Marinha dos EUA, sendo que duas já foram entregues e outras sete estão sendo
modernizadas pela Airbus Military. As demais servirão como suprimento.
Ficha Tecnica
País de Origem: EUA
Fabricante: Lockheed-Martin
Modelo: P-3AM Orion
Função: Patrulhamento marítimo, busca e salvamento e guerra antisubmarino
Envergadura:30,36 m
Comprimento:35,61 m
Altura:10,20 m
Velocidade máxima:761 km/h
Alcance:9 mil km
Peso bruto máximo:63,4 mil kg
Motor:4 turbopropulsores Allison T56-A-14, 4900 cv (3700 kW)
Autonomia:16 horas
Armamento:9 mil kg de bombas, torpedos, minas, foguetes e mísseis antinavio
Operadores:Brasil, EUA, Argentina, Chile, Canadá, Japão, China, Portugal, Nova
Zelândia, Austrália, Espanha, Alemanha, Grécia, entre outros
Ultimas Matérias
Nenhum comentário:
Postar um comentário