Mergulhadores de Combate - Brasil
Os primeiros Mergulhadores de Combate
(MeC) da Marinha do Brasil tiveram sua formação básica junto aos SEALs da US
Navy, em 1964. Como resultado desta experiência foi criada em 1970 a Divisão de
Mergulhadores de Combate. Mais tarde, outro grupo participaria do curso de
Nageurs de Combat (Nadadores de Combate) da Marinha francesa. Assim,
mesclando as técnicas do curso francês que privilegiava as operações de
mergulho, com as do norte-americano que dava grande ênfase às operações
terrestres, foi montada uma estrutura de treinamento perfeitamente adaptada às
nossas necessidades. Atualmente denominado Grupamento de Mergulhadores de
Combate (GruMeC), está diretamente subordinado ao Comando da
Força de Submarinos e é composto por três equipes básicas de operações especiais
(Alfa, Bravo e Charlie) e um Grupo
Especial de Retomada e Resgate (GERR). A formação do MeC brasileiro nada
fica a dever à de outros similares internacionais e é conduzido pelo CIAMA,
centro de instrução localizado em Niterói (RJ). Para oficiais os requisitos
iniciais incluem a aprovação em exames psicológico e médico, teste em câmara de
descompressão e rigorosos testes físicos. O curso tem duração de 41 semanas,
dividido em quatro fases, e objetiva habilitar os militares a operar
equipamentos de mergulho, armamentos, explosivos, utilizar técnicas e táticas
necessárias à execução das mais diversas missões de operações especiais, com
ênfase especial ao planejamento dessas operações, já que o curso é específico
para os oficiais que as liderarão. Para sargentos e cabos, com menos de 30 anos
e que atendam às mesmas exigências do curso para oficiais, o treinamento dura 42
semanas de atividades instrucionais severas. Durante todo o período de ambos os
cursos, os voluntários candidatos a MeC são submetidos a condições extremas de
provações física e psicológica, sendo enfatizados os atributos de liderança em
combate, sensatez, objetividade, improvisação e serenidade quando submetido a
situações de risco ou estresse. O clima é sempre mantido o mais próximo possível
daquilo que seria encontrado em uma situação operacional real e esta pressão
constante faz com que somente cerca de 30 a 40% dos participantes consigam
receber a aprovação final e conquistar o almejado distintivo dos MeCs da Marinha do Brasil. Realizar "ações
específicas de guerra não-convencional em ambientes marítimos e ribeirinhos"
seria a síntese de suas tarefas. Mas as complexas operações anfíbias têm no
GruMeC um elemento virtualmente indispensável para que sejam bem sucedidas.
Antes de qualquer desembarque, os MeCs são infiltrados no objetivo e devem
colher uma gama de informações, como o grau de inclinação da praia a partir de
sete metros de profundidade até a vegetação que circunda a areia, produzir um
mapa com dados sobre o tipo de solo (areia, pedras, lama, etc), obstáculos
naturais e artificiais (passíveis de demolição com explosivos), campos minados e
até possíveis edificações e habitantes da área. Igualmente importante é a
avaliação das forças de oposição, o que deve ser feito preferencialmente sem que
haja o contato com o inimigo, embora estejam sempre preparados para um confronto
que seja inevitável. Pode-se afirmar que o sucesso inicial de um desembarque
anfíbio encontra-se nas mãos das equipes de MeCs infiltradas nas áreas-alvo dias
antes da "Hora H" do "Dia D".
Nos demais campos da guerra naval suas
missões incluem: destruir ou sabotar navios e embarcações, instalações
portuárias, pontes, comportas de represas; capturar ou resgatar pessoal ou
material; realizar reconhecimento, vigilância e coleta de dados de Inteligência;
infiltrar e retirar agentes e sabotadores de território sob controle do inimigo;
e interditar linhas de comunicação e de suprimentos em rios e canais. Para
cumprir as tarefas descritas, os MeCs precisam ter à sua disposição variados
meios de infiltração. O submarino,
tendo em vista sua inerente discrição e capacidade de ocultação, constitui-se
num dos principais meios utilizados. A partir dele os mergulhadores podem
deslocar-se até o objetivo, usando equipamentos de mergulho, seja de circuito
aberto ou fechado (este não produz bolhas, evitando sua detecção por elementos
na superfície). Versáteis caiaques, de lona e dobráveis, para dois lugares, ou
botes pneumáticos infláveis também podem ser lançados de submarino, auxiliando o
deslocamento dos MeCs até o objetivo. A capacidade paraquedista dos integrantes
do GruMeC amplia sobremaneira as suas possibilidades de emprego, estando aptos a
saltar tanto de aeronaves de asa fixa, com saltos semi-automático livres, com
abertura do paraquedas a baixa altitude (HALO) ou a grande altitude (HAHO),
quanto de helicópteros. Neste caso o chamado "helocast" (salto livre, sem
paraquedas, sobre a água) é uma das técnicas mais empregadas. O helicóptero
oferece várias outras opções para transporte e inserção dos MeCs, como pouso de
assalto e descidas por "rappel" ou "fast rope". O dia-a-dia
dos membros do GruMeC constitui-se numa incontável gama de atividades, que vão
muito além do seu constante adestramento, participando de todas as operações
anfíbias da Esquadra, no apoio de lançamentos de torpedos e mísseis, em
operações ribeirinhas na Amazônia e no Pantanal, assim como exercícios de
retomada de navios e plataformas de petróleo. Visando manter-se atualizado nas
técnicas mais avançadas em uso a nível mundial, o Grupamento tem procurado
realizar intercâmbios com os seus principais congêneres de outros países. Alguns
dos armamentos usados pelos MeCs incluem o fuzil de assalto Colt M-4, de 5,56 mm, submetralhadoras
Mini-Uzi, de 9 mm, pistolas automáticas Taurus PT 92 AF, de 9 mm, e
metralhadoras FN Minimi, de 5,56 mm. Para enfrentar ameaças blindadas
utilizam-se do lança-rojão descartável AT-4, de 84 mm, com munição tipo HEAT e
alcance efetivo de 300 metros. Os atiradores de elite (snipers) usam o
fuzil Parker-Hale M.85, de 7,62 mm, de excepcional precisão (100% de acerto no
primeiro tiro, com distância de até 600 metros), equipado com uma luneta Schmidt
& Bender 6 x 42, de origem alemã. Equipamentos específicos incluem caiaques
Klepper Aerius utilizáveis em qualquer condição climática e podendo navegar em
mar aberto, rios e regiões pantanosa; monóculo de visão noturna Mini N/Seas de
fabricação israelense, à prova d'água até 20 metros; minas de casco de pequeno
porte, utilizadas para sabotar navios ou submarinos ancorados, dentre outros. Os
Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil, ainda que em pequeno número,
estão altamente preparados para responder a quaisquer ameaças em território
nacional, seja no mar, nos rios ou em regiões pantanosas, não medindo esforços
para cumprir com êxito as missões que lhes são atribuídas, pois como diz seu
lema: "A sorte sempre acompanha os audazes" ("Fortuna Audaces
Sequitur").
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